segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Morre Cabo Duda, dono de um dos bares mais antigos da Atalaia

Publicação compartilhada do site A8SE., de 23 de fevereiro de 2024  

Morre Cabo Duda, dono de um dos bares mais antigos da Atalaia

Sepultamento foi realizado na manhã desta sexta-feira (23)

Por Redação Portal A8SE

Faleceu no final da tarde desta quinta-feira (22) o senhor Cabo Duda, de 83 anos, pescador, comerciante e dono de um dos mais antigos bares da Praia da Atalaia. A causa da morte não foi revelada.

Erivaldo Nunes Chagas, mais conhecido como Cabo Duda, é conhecido por muitas gerações e fez grandes amigos, os quais lamentaram sua perda. Inclusive, o Presidente do Sistema de Comunicação da TV Atalaia, Sr. Walter Franco, era um grande amigo de Cabo Duda, e prestou as últimas homenagens.

O corpo do comerciante foi velado no próprio estabelecimento o qual era dono, e o sepultamento foi realizado na manhã desta sexta-feira (23), no Cemitério da Atalaia.

Texto e imagem reproduzidos do site: a8se com

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O demorado enterro de um ex-governador numa igreja de Sergipe


Legenda da foto: Leandro Maciel explica renúncia da candidatura a vice-presidente da República
- (Crédito da foto: Acervo Adailton Andrade).

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 3 de setembro de 2022

O demorado enterro de um ex-governador numa igreja de Sergipe

Por Adiberto de Souza *

Era fim da tarde do dia 14 de julho de 1984. A equipe da TV Atalaia, canal 8, concluiu a penúltima reportagem da pauta e se deslocou para a última tarefa daquele sábado: fazer uma passagem rápida sobre o delicado estado de saúde do ex-governador de Sergipe, Leandro Maciel, com quase 88 anos. Essa era uma praxe da emissora desde que o velho líder udenista ficou prostrado em seu sítio, localizado na esquina da rua Dom Bosco com a avenida Desembargador Maynard, bem em frente ao Hospital Cirurgia, área nobre de Aracaju. A movimentação anormal na casa chamou a atenção do repórter, que logo foi informado sobre a morte do caudilho, por décadas o mandachuva da política de Sergipe.

A mesma equipe da TV foi escalada para cobrir o sepultamento, marcado para a manhã do domingo, na Igreja Senhora Sant’Ana, no povoado Massacará, município de Carmópolis, a cerca de 60 quilômetros de Aracaju. Perto da meia-noite, o caixão chegou para o velório no Palácio Olímpio Campos, localizado no centro da capital e sede do governo de Sergipe. Àquela altura, muitos amigos e correligionários já aguardavam a chegada do corpo de Leandro Maciel, que foi quase tudo em Sergipe: deputado federal por três mandatos, governador e senador em duas legislaturas. Também se candidatou a vice-presidente na chapa de Jânio Quadros, porém renunciou no meio da campanha, sendo substituído por Milton Campos.

Queda de militares

Por determinação do coronel Miguel Santana, secretário-chefe do Gabinete Militar do governo, oito policiais se postaram em posição de sentido, quatro de cada lado do caixão. Não passaram 20 minutos, e um grande barulho assustou quem estava na parte externa do Palácio: foi um dos militares que desmaiou e, ao cair, derrubou o pesado fuzil, daqueles antigos, uma mistura de ferro e madeira. Felizmente, a arma não disparou. Minutos depois, outro PM também caiu e em seguida um terceiro. Um oficial do Exército sugeriu que os policiais em torno do caixão ficassem em posição de descansar, mais relaxados, para facilitar a circulação do sangue, principalmente nas pernas. Foi o santo remédio para acabar com as assustadoras e barulhentas quedas.

Legenda da foto: O governador Leandro Maciel, o líder político de Salgado, Durval Militão e, atrás, o jornalista Marques Guimarães, também conhecido como “Pulga Prenha” - (Crédito da foto: Acervo de Ibarê Dantas).

As conversas políticas ajudaram a noite do velório a passar mais rápido. Na madrugada, quando o movimento de pessoas reduziu significativamente, velhos pessedistas apareceram no Palácio para se despedir do líder udenista, que em vida tinha sido um ferrenho adversário. Entre um cafezinho ou um cigarro, eles lembraram grandes disputas, vitórias e derrotas eleitorais. Uma delas foi em 1962, quando o ex-udenista Seixas Dória se filiou ao PR e se juntou ao PSD, PRT, PTR, PSB e PDC para derrotar o ex-governador Leandro e seu slogan “Ninguém se perde na volta”. Ele se perdeu! Segundo escreve o professor e escritor Ibarê Dantas em seu livro Leandro Maynard Maciel na política do Século XX, “a campanha foi longa, marcada de paixões e de radicalismos”.

Manhã de domingo, o cortejo fúnebre partiu para Carmópolis, onde seriam prestadas as últimas homenagens a Leandro Maciel. Uma chuva fina molhava o imenso canavial no entorno da mal cuidada Igreja Senhora Sant’Ana, aberta exclusivamente para o sepultamento. Coube ao senador Passos Porto, um ex-udenista, fazer um emocionado discurso, lembrando a carreira vitoriosa do velho líder político. Em seguida, e diante da impaciência das autoridades, principalmente por causa da insistente chuva, foram prestadas as honras militares, com salva de tiros.

Discurso quilométrico

Legenda da foto: Leandro Maciel foi sepultado no interior da Igreja Senhora Sant’Ana, no Povoado Massacará, em Carmópolis - (Crédito da foto: Portal Infonet).

Mesmo sem a palavra ter sido franqueada, o juiz de Direito aposentado Djalma Ferreira de Oliveira, popularmente conhecido como “Djalma Borboleta”, se aproximou do caixão e começou a sua despedida do líder político. Para desespero dos presentes, incomodados com a chuvinha fina, o discurso de “Borboleta” não era um improviso, como o de Passos Porto, mas laudas e laudas, caprichosamente escritas à mão. Para se proteger da chuva, as pessoas foram entrando, aos poucos, na Igreja escura, úmida e habitada por morcegos, em seus voos rasantes. Do lado de fora, ficaram apenas o eloquente orador e o caixão,  já bem molhados.

Legenda da foto: As despedidas ao velho líder político em frente à Igreja - (Crédito da foto: Jornal da Cidade).

Cerca de meia hora depois, ouviu-se: “Descanse em paz, meu velho amigo”. Foi a esperada senha para o corpo ser levado à sepultura. Verificou-se, então, que a cova, aberta às pressas, era alguns centímetros menor que o caixão, sendo preciso o coveiro entrar para ampliar o cumprimento e facilitar a decida do ataúde. Essa tarefa demandou mais alguns minutos, que pareciam intermináveis, principalmente devido à insalubridade do ambiente no interior do abafado templo religioso. Finalmente, feito o sepultamento e já durante as despedidas na parte externa da secular igreja, não faltou quem dissesse que a chuva fina, o prolongado discurso do udenista “Djalma Borboleta” e a ampliação da cova pareciam sinais de que Leandro Maciel queria ficar mais tempo ao lado dos velhos amigos, dos correligionários e da cansada equipe de reportagem da TV Atalaia. Ufa!

As fotos são do livro “Leandro Maynard Maciel na política do Século XX”, do professor, pesquisador e escritor Ibarê Dantas.

* É editor do Portal Destaquenotícias

Texto e imagens reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Erivaldinho do Acordeon morre aos 47 anos

Erivaldinho do Acordeon enfrentava um câncer (Fotos: reprodução/rede social)

Legenda da foto: Erivaldinho do Acordeon e o pai, Erivaldo de Carira

Publicação compartilhada do site INFONET, de 14 de fevereiro de 2024 

Músico sergipano Erivaldinho do Acordeon morre aos 47 anos em MG

O músico sergipano Erivaldinho do Acordeon, filho de Erivaldo de Carira, faleceu nesta quarta-feira, em Belo Horizonte (MG). Ele estava internado em um hospital da capital mineira para tratamento de um câncer.

A morte do músico foi confirmada por Erivaldo de Carira nas redes sociais. Confira o relato:

Hoje escrevo com lágrimas nos olhos para deixar aqui algumas palavras pelo meu filho primogênito maravilhoso que tive. Não consigo falar dele sem chorar, pois dói muito saber que ele não está mais aqui.

Ele era um exemplo, um filho espetacular que Deus poderia me dá. Um menino amigável, responsável e que estava sempre com um sorriso no rosto.

Ainda não consegui dizer adeus e a saudade assola meu coração profundamente. Perder um filho é a pior tragédia que pode acontecer. A única coisa que me acalma é pensar que, pelo menos, ele está em paz. Amo você, meu filho, por toda a eternidade!

As informações sobre o velório e o sepultamento ainda não foram divulgadas.

Erivaldinho do Acordeon, além de filho de Erivaldo de Carira, é irmão dos músicos e cantores, Mestrinho e Thaís Nogueira. Ele deixa esposa e quatro filhos.

Por Verlane Estácio

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet com br

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Reproduzida do Facebook

Legenda da foto: Velório do músico Erivaldinho — (Crédito da foto: Janaína Rezende/TV Sergipe)

Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO SE, em 16 de fevereiro de 2024  

Amigos e familiares se despedem do músico sergipano Erivaldinho

Ele morreu aos 47 anos, durante tratamento de câncer de intestino.

Por g1 SE

Amigos, familiares e autoridades se despedem nesta sexta-feira (16), em um velatório localizado na Região Central de Aracaju, do músico sergipano Erivaldinho, que morreu aos 47 anos em Belo Horizonte, onde morava. Ele estava em tratamento de câncer de intestino desde 2018.

Erivaldinho era filho do forrozeiro Erivaldo de Carira, irmão dos cantores Mestrinho e Thais Nogueira. Ele iniciou a carreira no forró, mas despontou no sertanejo, tocando com grandes nomes da música como Gusttavo Lima, Marília Mendonça e Tierry. Em sua trajetória, gravou com mais de 100 artistas e bandas como Limão com Mel, Mestre Zinho, Amorosa, Rogério e Daniel Diau.

Natural de Nossa Senhora da Glória, no Sertão Sergipano, Erivaldinho cresceu no município de Carira. Autodidata, ele começou a tocar sanfona com sete anos de idade ouvindo o pai. Ainda adolescente se mudou para Aracaju, onde iniciou a carreira profissional e gravou com a Banda Calcinha Preta.

Em 2002, se mudou para São Paulo, mas atualmente morava em Belo Horizonte, onde seguia em carreira solo. Erivaldinho era casado e deixa dois filhos.

Texto reproduzido do site: g1 globo com/se

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

O empresário estava internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo

Crédito da foto: Governo de Serrgipe - reproduzida da Infonet e postada pelo blog

Texto publicado originalmente no site F5 NEWS, de 11 de fevereiro de 2024 

Presidente do Grupo Samam, Henrique Brandão morre aos 85 anos

O empresário estava internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo 

Morreu na manhã deste domingo (11) o presidente do Grupo Samam Henrique Brandão Menezes, aos 85 anos. O empresário estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

"Não existe nenhuma dor que compare ao que estamos sentindo agora, com a perda desse pai, vovô, biso e chefe. Seu sorriso e seu coração serão sempre lembrados por nós. Descanse em paz, na certeza que cumpriu a sua missão em vida e para nós que ficamos resta a saudade, a tristeza e a certeza de um amor infinito”, disse a família do empresário.

Em 2018, ele foi um dos 25 entrevistados no livro "Comércio em Sergipe - História e Histórias", lançado em comemoração aos 70 anos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio SE).

A publicação traz detalhes da trajetória de Henrique Brandão Menezes, fundador de um dos grupos empresariais mais destacados de Sergipe, o S.A. Manoel Aguiar Menezes - nome de seu pai - e que se tornaria uma sigla conhecida de norte a sul do estado, Samam. 

Na ocasião, Henrique disse se orgulhar de ser o maior recolhedor de impostos em Sergipe, depois dos supermercados, conduzindo um grupo cujas operações incluiam o setor automotivo e o agronegócio, entre outros nichos. "Mas os supermercados não são brasileiros, são estrangeiros, então, de nacional, sou eu", ressalvou na entrevista. 

Aos 80 anos em 2018, ele relatou bem humorado que já vencera três cânceres. "Já tem uns médicos em São Paulo me esperando", disse...

Texto reproduzido do site: www f5news com br

Morre o empresário Henrique da Samam




Imagens reproduzidas das Redes Sociais

Texto publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 11 de fevereiro de 2024

Morre o empresário Henrique da Samam

O empresário Henrique Menezes morreu em São Paulo

O empresário sergipano e principal líder do grupo empresarial Samam, Henrique Brandão Menezes, 85 anos, morreu neste domingo (11), num hospital particular de São Paulo. Pelo instagram, o grupo comandado por ele publicou que o “seu legado de responsabilidade, comprometimento e excelência, sempre será o norte do nosso Grupo e nunca será esquecido”.

O velório está previsto para às 8 horas dessa segunda-feira (12), no Velatório Osaf, localizado à rua Itaporanga, em Aracaju. O sepultamento ocorrerá no Cemitério São Benedito, no bairro Santo Antônio, em horário ainda a ser confirmado pela família.

Governador e Prefeito, lamentam.

O governador Fábio Mitidieri (PSD) lamentou a morte de Henrique Menezes. Pelas redes sociais, o pedessista disse que “Sergipe perde um de seus empreendedores mais inovadores e confiantes em nosso potencial”. “Seu Henrique deu continuidade ao grupo criado em 1928 por seu pai, Manoel, e consolidou um conjunto de empresas reconhecidas em Sergipe pela sua diversidade de negócios, solidez e credibilidade nos segmentos de automóveis, agronegócios e indústria”.

Fábio Mitidieri prossesguiu afirmando que a “sua dedicação e capacidade de trabalho contribuíram para o desenvolvimento de Sergipe não só por colocar nosso estado na rota de novos nichos, como quando trouxe a concessionária autorizada Fiat na década de 70, logo após implantação da fábrica italiana no País. Hoje, o grupo gera mais de 3 mil empregos diretos”, concluiu.

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), disse que “foi com muito pesar que recebi a notícia do falecimento de Henrique Brandão, presidente do Grupo Samam. Um grande sergipano, exemplo de trabalho, coragem e visão, que tanto contribuiu com o desenvolvimento e progresso do nosso estado”.

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Texto publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 12 de fevereiro de 2024

Corpo de empresário será sepultado hoje em Aracaju

O corpo do empresário sergipano Henrique Brandão Menezes, 85 anos, chegou em Aracaju às 6h20 desta segunda-feira e será sepultado, às 16h40 de hoje, no Cemitério São Benedito, no bairro Santo Antônio. O velório terá início logo mais às 8 horas, no Velatório Osaf, localizado na Rua Itaporanga, centro da capital sergipana. Henrique das Samam, como era conhecido, morreu nesse domingo (11), em um hospital particular de São Paulo. Ele deixou esposa, filhos, netos e bisnetos.

Em um evento promovido pelo Grupo Samam, o empresário Henrique Menezes lembrou que “foram anos de luta e de dedicação, sempre objetivando o progresso. Desde o início, tínhamos em mente a determinação e o compromisso com o crescimento e a oportunidade de empregos para as novas gerações. Naquela época, atuávamos na área de louças, vidros e ferragens no varejo e atacado. hoje nos orgulhamos de acreditar e de investir em Sergipe”, celebrou o empresário. A história do Grupo Samam  teve início em 1928.

A Federação do Comércio do Estado de Sergipe emitiu nota lamentando a morte do empresário: “O presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac, Marcos Andrade, diretores e equipe, lamentam a morte de Henrique Brandão Menezes, presidente do Grupo Samam”. Por sua vez, o senador Laércio Oliveira (PP) postou nas redes sociais ter pedido um grande amigo: “Sr. Henrique da Samam. Um homem que trabalhou muito por Sergipe durante a sua trajetória e deixou um legado pautado no trabalho e no desenvolvimento. Peço a Deus que conforte o coração dos amigos e familiares neste momento de muita dor”, frisou.

Governador e Prefeito, lamentam.

O governador Fábio Mitidieri (PSD) lamentou a morte de Henrique Menezes. Pelas redes sociais, o pedessista disse que “Sergipe perde um de seus empreendedores mais inovadores e confiantes em nosso potencial”. “Seu Henrique deu continuidade ao grupo criado em 1928 por seu pai, Manoel, e consolidou um conjunto de empresas reconhecidas em Sergipe pela sua diversidade de negócios, solidez e credibilidade nos segmentos de automóveis, agronegócios e indústria”.

Fábio Mitidieri prossesguiu afirmando que a “sua dedicação e capacidade de trabalho contribuíram para o desenvolvimento de Sergipe não só por colocar nosso estado na rota de novos nichos, como quando trouxe a concessionária autorizada Fiat na década de 70, logo após implantação da fábrica italiana no País. Hoje, o grupo gera mais de 3 mil empregos diretos”, concluiu.

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), disse que “foi com muito pesar que recebi a notícia do falecimento de Henrique Brandão, presidente do Grupo Samam. Um grande sergipano, exemplo de trabalho, coragem e visão, que tanto contribuiu com o desenvolvimento e progresso do nosso estado”.

Textos reproduzidos do site: destaquenoticias com br

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"Aguento, transformo e supero" - Henrique Brandão Menezes...

Crédito da foto: Imagem reproduzida do site Caderno Mercado e postada pelo blog SERGIPE...

Artigo compartilhado do site do JORNAL DO DIA SE, de 6 de agosto de 2022

"Aguento, transformo e supero" - Henrique Brandão Menezes e o Grupo SAMAM.

Por Jornal Do Dia Se

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

Se tem uma coisa que me fascina na oficina do historiador é a capacidade de me surpreender e vibrar com o que as fontes me dizem. E essa semana tive a grata satisfação de conhecer pessoalmente um dos maiores empresários de Sergipe. Ele fez no último dia 31 de julho, 84 anos de idade. Lúcido, com uma energia contagiante e uma saúde de ferro, seu Henrique Brandão Menezes conversou comigo sobre seu cunhado, o médico ginecologista e obstetra, Dr. Hugo Bezerra Gurgel (1922-2015).

O empresário Henrique Brandão Menezes assumiu os negócios do pai, Manoel Aguiar Menezes, em 1956, como seu sócio, procurando diversificar a oferta da antiga Casa das Louças, fundada nos anos 20, localizada na rua João Pessoa, 267. Em 1974, a Sociedade Anônima Manoel Aguiar Menezes (SAMAM) trouxe para Sergipe a Fiat Automóveis do Brasil S/A, primeiro em Aracaju, e, atualmente presente também em Itabaiana.

Nas décadas seguintes, o grupo não parou de crescer. Nos anos 80, investiu no ramo de locação. Na década de 90, ações empresariais no agronegócio, com o plantio de coco, e na comercialização de produtos de concessionárias, além de pneus, vendas de veículos novos e seminovos. E assim também o foi no século XXI, com a Samam Diesel, a Renovadora de pneus Michelin, a Sergipe Veículos, a Concessionária Iveco, passando também a trabalhar com as marcas Honda, Jeep e Hyundai, aberturas de novas filiais, além da agroindústria Taquari, usinas de açúcar e álcool.

Notadamente, trata-se de uma empresa familiar desde o seu nascedouro, com seu Manoelito da SAMAN, seguindo com seu Henrique, que por sua vez também passou para os filhos o gosto pelos negócios: Manoel Aguiar Menezes Neto e Henrique Brandão Menezes Júnior. Neto faleceu no dia 12 de fevereiro de 2021, quando este ocupava a função de Diretor Superintende da empresa. Ele foi uma das muitas vítimas da COVID-19 em Sergipe. Seu irmão, Júnior, passou então a tocar a empresa com o pai até a presente data.

Dono de uma consciência de vida muito clara e precisa, seu Henrique nos disse que já teve uma conversa com Nosso Senhor e combinou com ele viver até os noventa anos: “Ele vai dar um jeito de me levar”. Isto, baseado numa fala de seu pai que chegou aos noventa e dois: “Henrique, foi bom até os noventa, mas depois disso foi péssimo!” (risos).

Apesar de ter tido acesso a bons estabelecimentos de ensino e até mesmo a oportunidade de fazer engenharia, em Nível Superior, seu Henrique queria mesmo era negociar como o pai. Em Aracaju, fez o primário com a professora Maria Bernadete Galrão Leite. Estudou o antigo ginásio no Rio de Janeiro, num colégio marista, o São José, por quatro anos. Na então capital federal do Brasil, ele chegou a ser estimulado pelo tio Godofredo Diniz a seguir adiante, mas não teve jeito. Ele voltou para Sergipe em definitivo.

Para além da frase que intitula esta matéria, ouvimos de seu Henrique outras tantas. Todas elas revelando um empresário para além de bem-sucedido, um ser humano maduro na cabeça e na alma: “sempre satisfeito, tocando para frente!” Isto de quem perdeu um filho nesta idade é um afago e um estímulo para quem para na dor e não consegue mais enxergar nada.

Eu e minha esposa, a professora Patrícia Monteiro, saímos dali, da sede da empresa na avenida Barão de Maruim, 49, Aracaju-SE, com uma vontade de viver renovada, diante daquele homem cheio de entusiasmo e de um entusiasmo contagiante, capaz de transmitir segurança e nos estimular sempre a sonhar e a superar todo e qualquer tipo de adversidade. Para além da riqueza justa e natural de que se vale em razão dos negócios que administra, nada é comparável a sua sabedoria, ao seu idealismo e a sua fortaleza, aspectos que ele, certamente, deixara como grandes legados.

Texto reproduzido do site: jornaldodiase com br

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Morre a amiga Aroldina

Post compartilhado do Perfil no Facebook de Waguinho Aragão, em 8 de fevereiro de 2024.

'Descanse em paz minha querida irmã AROLDINA Aragão Souza Duarte, na companhia de Deus, dos anjos, dos nossos pais e da mana Agna Lúcia. Ficará sempre no meu coração, como uma mulher guerreira, exemplo de esposa, de mãe, de avó, de todos os momentos vividos em família'. (W.A.)

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Waguinho Aragão.

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domingo, 4 de fevereiro de 2024

Um dos mais importantes intérpretes do Brasil é sergipano...

Legenda da foto: Manoel Bomfim (Aracaju, 8 de agosto de 1868 — Rio de Janeiro, 21 de abril de 1932)

Publicação compartilhada do site MANGUE JORNALISMO, de 2 de janeiro de 2024 

Um dos mais importantes intérpretes do Brasil é sergipano, mas quase invisível. Livro da professora Terezinha Oliva joga luzes em Manoel Bomfim

Por Cristian Góes, da Mangue Jornalismo - Entrevista 

Manoel José Bomfim. Para muitos, um nome comum que não convoca memória nenhuma. Talvez um parente antigo. Hoje já não se batizam muitos Manoeis. Outros ligam esse nome a uma rua ou uma escola que já ouviram falar. Um grupo reduzido diz que esse sujeito traz uma vaga lembrança de alguém importante na história, mas nada que isso. Para uma minoria da minoria, sim, trata-se de um grande intelectual brasileiro esquecido.

De fato, Manoel Bomfim é um sujeito quase invisível na história, apesar de ser um dos mais importantes pensadores, formuladores e intérpretes do Brasil e da América Latina. Sim, ele nasceu na pobre Aracaju em 1868, no dia 8 de agosto. Manoel foi profundamente silenciado pela elite letrada e reacionária do Brasil por ele tinha fortes críticas ao colonialismo europeu que produziu exploração e pobreza. Também foi apagado porque fazia uma defesa enfática de que a saída para os males dos países invadidos, como o nosso, é o investir em educação popular.

Nos últimos anos, alguns pesquisadores se esforçam para jogar luzes sobre as extraordinárias contribuições de Manoel Bomfim ao pensamento crítico brasileiro e latinoamericano. A professora Terezinha Oliva (UFS), uma das mais importantes acadêmicas sergipanas, fez isso e em 7 de maio deste ano lançou o livro “Manoel Bomfim, um intérprete do Brasil”, editado pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc). É com ela que a Mangue Jornalismo conversou um pouco sobre esse aracajuano tão pouco conhecido para sergipanos e brasileiros.

Mangue Jornalismo (MJ) – Professora, é verdade que Manoel Bomfim somente foi redescoberto em 1984, quando Darcy Ribeiro, em um ensaio, classificou esse aracajuano como “o pensador mais original da América Latina”? Em que reside a originalidade e centralidade do pensamento de Manoel Bomfim, sua importância ontem e hoje?

Terezinha Oliva (TO) – Manoel Bomfim foi um escritor muito conhecido ao seu tempo e teve livros adotados na escola até a década de 1950. Na década seguinte ocorreu o seu silenciamento; os livros didáticos deixaram de ser adotados e as obras de interpretação sobre o país e o continente, não tinham feito seguidores. Darcy Ribeiro leu “A América Latina”, obra de Bomfim, de 1905, durante o exílio, numa biblioteca de Montevidéu. Isso aconteceu entre 1964 e 1968, o período do exílio. Então ele se surpreendeu com o que leu e julgou Bomfim o “pensador mais original da América Latina”. Mas a surpresa e o estranhamento também foram revelados, no mesmo período, por outros leitores, como Vamireh Chacon, estudioso pernambucano, que em 1965 perguntou, espantado: “Por que não se fala nesse Manoel Bomfim?”

MJ – Não se fala porque seu pensamento se chocava com a ideologia oficial, não é isso?

TO – Sim, a leitura provoca choque, porque a visão de Bomfim sobre a colonização europeia e os motivos do “atraso secular” do continente latino-americano, a suposta incapacidade dos seus povos para o progresso e a atribuição, aos colonizadores, de uma superioridade racial, tudo isso é descartado pelo escritor sergipano, que mergulha na História e nos modos de exploração colonial para mostrar o que acontecia no Brasil e nos outros países da América do Sul. A atualidade desse autor decorre de aspectos para os quais ele chamou a atenção e que ganharam mais importância no processo brasileiro. Mas Bomfim foi marcado por diferentes apropriações do seu pensamento, à direita e à esquerda, ainda no seu tempo e hoje ele pode ser inspirador, mas é claro que algumas das suas leituras estão datadas.

MJ – É exatamente em razão dessa originalidade em seu tempo que Manoel Bomfim é rigorosamente invisibilizado pela historiografia brasileira? Digo “em seu tempo” porque as ideias dele estavam em contraposição ao pensamento dominante. É isso?

TO – Vários estudiosos tentam dar respostas a essa invisibilidade que atingiu a obra de Manoel Bomfim. Darcy Ribeiro, que prefaciou “A América Latina: males de origem” no seu reaparecimento, em 1993, mostra como Bomfim foi contra as correntes de pensamento predominantes e as visões de todos os grandes intelectuais brasileiros do seu tempo, como o nosso Sílvio Romero. A teoria da desigualdade inata das raças e o Darwinismo Social tinham status de teorias científicas e a coragem do autor sergipano em desmascará-las, mesmo sendo um evolucionista, o tornou alvo de terríveis ataques para desqualificá-lo. Além disso, a linguagem de Bomfim é reconhecidamente a de um militante, apaixonado e ele enveredou por uma explicação biológica que ficou datada, de modo que, quando, após os horrores cometidos na II Guerra Mundial, as teorias da superioridade da raça branca começam a ser descartadas, sua obra não foi tomada como referência. É realmente estranho o silenciamento do seu nome, mesmo quando o assunto o obrigaria, como a atual retomada dos estudos sobre eugenia e o que eles causaram no país.

MJ – Além de apagado nacionalmente, Manoel Bomfim também é um ilustríssimo desconhecido em Aracaju e em Sergipe. Isso se deu ainda pelas polêmicas discussões entre Sílvio Romero e ele? Romero defendendo, por exemplo, o branqueamento da população como solução para o “defeito de formação” do brasileiro, e Bomfim valorizando a miscigenação e negando a validade científica das teorias racistas. É isso?

TO – Sim, Sílvio Romero escreveu nos jornais e publicou, depois, uma obra com o mesmo título do livro de Bomfim que ele desqualificou, “A América Latina”, na qual, em mais de 400 páginas ele procura destruir o pensamento do seu conterrâneo e apequena-lo intelectualmente. As visões dos dois sobre a questão racial no Brasil são completamente opostas, com Manoel Bomfim vendo na miscigenação racial um fator que facilitaria o progresso no Brasil e Sílvio Romero propagando a tese de que a imigração europeia seria necessária para branquear a população brasileira e assim tornar possível o progresso. O que aconteceu em Sergipe, ao meu ver, é fruto, em parte, da força e do respeito para com a tradição dos intelectuais da Escola do Recife, como Tobias Barreto, Fausto Cardoso e Sílvio Romero, em que não se inclui Manoel Bomfim e o fato de que nenhum dos intelectuais sergipanos do seu tempo retoma as suas ideias. Além disso, embora tendo revelado o seu amor por Sergipe – a quem ele dedica o livro “A América Latina” – Bomfim teve uma passagem pela política local que não prosperou. Ele ocupou a vaga deixada na Câmara Federal pela morte de Fausto Cardoso, um ídolo em Sergipe; em 1907 ele se tornou deputado federal por Sergipe, mas não conseguiu fazer carreira. Hoje temos ruas, escolas, a biblioteca do Instituto Histórico e uma medalha instituída pela Assembleia Legislativa, com o nome de Manoel Bomfim, além de estudiosos locais e obras importantes, publicadas sobre o seu pensamento. Esperemos que isso o faça mais conhecido dos conterrâneos.

MJ – Manoel Bomfim tinha um pensamento crítico sobre a exploração do povo e o saque de nossas riquezas. Em que medida, esse pensar se articula com suas importantes produções no campo da Educação Pública, da Psicologia, da História, da Cultura e do Jornalismo? Desses campos (Educação, Psicologia, História, Cultura e Jornalismo), o que podemos destacar?

TO – Manoel Bomfim fez parte de uma geração de intelectuais que tinha, na frase feliz do historiador Nicolau Sevcenko, “a literatura como missão”. Intelectuais que queriam “salvar” o país do atraso, de certa forma, redimir a nossa trajetória histórica. A questão reside em que ele não repete as teorias externas sobre o Brasil e a América Latina e na contramão delas, não vê a presença europeia no continente como fruto de um processo civilizatório, mas como fruto da exploração capitalista mais brutal, destruindo o meio ambiente, os saberes acumulados, as culturas construídas e os povos. Então, além de teorizar sobre aquele processo, ele acreditou que a saída para os países colonizados estava na educação popular e admitia que a única inferioridade dos seus povos era a ausência do acesso à educação.

MJ – E Manoel publicou sobre isso, não foi?

TO – Sim, sim, ele usou a imprensa, os livros – e ele escreveu vários títulos didáticos – esteve no grupo que criou a primeira revista infantil no Brasil, O Tico-tico e exerceu cargos de direção nas áreas da educação pública e da formação de professores. O livro didático escrito em parceria com Olavo Bilac, “Através do Brasil”, foi usado nas escolas de vários estados, entre 1910 e a década de 1950. É um compêndio para o Curso Primário com noções de Geografia, de História, de fundamentos da economia e uma mensagem sobre o valor do povo brasileiro. Mas ele escreveu obras de Psicologia, de Composição (escrita), de Ciências, de Didática, foi um incansável divulgador do conhecimento e se dirigiu especialmente aos professores, sobre como tratar as crianças, como fazer funcionar as escolas, enquanto, ao mesmo tempo, mergulhava na História e na Cultura Brasileira, chegando, no seu último livro, “O Brasil Nação”, a formular um programa político para o Brasil.

MJ – Em que medida podemos afirmar que Manoel Bomfim é um dos intérpretes do Brasil no mesmo patamar, ou mesmo superior, de um Caio Prado Júnior, Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Gilberto Freyre, Josué de Castro, Milton Santos, Raymundo Faoro, Sérgio Buarque de Holanda, Maria da Conceição Tavares?

TO – Darcy Ribeiro citou a maioria dos nomes enumerados nessa pergunta, descobrindo neles “ressurreições” das ideias de Manoel Bomfim, mas diz que eles não foram leitores de Bomfim. Ou seja, ele quis dizer que o nosso conterrâneo divulgou interpretações que se tornariam, em parte, correntes mais tarde. Ele não admite a velha história de “pensador adiante do seu tempo”, porque todo autor é filho do seu tempo, mas dá a entender que o que Bomfim viu e analisou, antes deles, terminou se impondo aqui e ali, embora nunca como um todo, nem mesmo como resultado do conhecimento da sua obra. Vários foram os leitores de Manoel Bomfim que destacaram diferentes aspectos do seu pensamento.

MJ – Por exemplo?

TO – A nossa professora Thetis Nunes, desde os anos sessenta mostrava Bomfim como um dos criadores do nacionalismo brasileiro e do pensamento sobre o desenvolvimento nacional ; Dante Moreira Leite destacou a singularidade do seu pensamento sobre a formação do brasileiro e sobre a natureza da exploração colonial; Flora Sussekind e Roberto Ventura destacaram nos anos oitenta, no livro “História e Dependência”, a interpretação da colonização como uma leitura biológica, descobrindo na linguagem usada por Bomfim uma possível dificuldade à sua divulgação. Zilda Lokói chamou a atenção para a atualidade do seu nacionalismo revolucionário e a preocupação com as classes desprotegidas. Enfim, a partir dos anos noventa do século passado houve um interesse na obra do pensador sergipano, foram reeditadas vários dos seus livros, que hoje são totalmente acessíveis, ele foi biografado, inclusive numa obra premiada, “O rebelde esquecido”, de Ronaldo Conde Aguiar e eu mesma estudei a sua visão do Brasil através do pensamento geográfico, que foi publicada pela editora Seduc, sob o título “Manoel Bomfim, um intérprete do Brasil”.

Texto e imagem reproduzidos do site: manguejornalismo org

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Morre o médico José Carlos Pinheiro

Dr. José Carlos Pinheiro, no centro da foto abaixo.

Foto Governo de Sergipe

Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO SE, em 23 de janeiro de 2024 

Morre ex-presidente do Hospital e Maternidade Santa Isabel José Carlos Pinheiro

Ele passava por tratamento médico em São Paulo.

Por g1 SE

Morreu nessa segunda-feira (22) o ex-diretor do Hospital e Maternidade Santa Isabel e ex-presidente da Associação Aracajuana de Beneficência, José Carlos Pinheiro da Silva, aos 69 anos. Ele enfrentava um câncer há cerca de dois anos e estava internado no Hospital Albert Eistein, em São Paulo.

Ao g1, o desembargador Rui Pinheiro, que é irmão do dr. José Carlos Pinheiro, contou que está em São Paulo cuidando dos trâmites para trazer o corpo para Aracaju, e que a previsão é de chegada ainda nesta terça-feira (23).

Rui Pinheiro acompanhava o irmão no capital paulista. Segundo ele, José Carlos Pinheiro faleceu por volta das 17h dessa segunda-feira. Ele era casado e deixa quatro filhos.

Em nota, o Hospital e Maternidade Santa Isabel lamentou a morte do ex-gestor e destacou que 'sua dedicação incansável e liderança deixaram marcas indeléveis' na instituição.

O velório e o sepultamento vão acontecer no Cemitério Colina da Saudade, em Aracaju . Os horários ainda não foram definidos.

Texto reproduzido do site: g1 globo com

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sábado, 13 de janeiro de 2024

Homenagem a Manuel Prado Vasconcelos Filho (Pradinho)

Post compartilhado do FACEBOOK/NEU FONTES, de 12 de janeiro de 2024

Acabei de entregar uma moção de aplausos, concedido pelo Conselho Estadual de Cultura, ao empresário Manuel Prado Vasconcelos Filho, Seu Pradinho, como é mais conhecido, pelo incentivo as artes de Sergipe e por sua galeria com mais de 200 obras de artistas Sergipanos. O empresario é dono da Rede Supermercados Prado Vasconcelos.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Neu Fontes

domingo, 3 de dezembro de 2023

'10 anos sem Marcelo Déda', por Clóvis Barbosa

Foto reproduzida do Governo de Sergipe e postada pelo blog, pa ilustrar o presente artigo.

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 3 de dezembro de 2023

10 anos sem Marcelo Déda
Por Clóvis Barbosa*

2 de dezembro de 2013. Não queria me despedir de Déda. Ficaria em casa naquela segunda-feira. O traslado do seu corpo já havia sido feito, e ele estava sendo homenageado pelo povo e autoridades, inclusive a presidente da república, no prédio que ele mandou restaurar, o Palácio Olímpio Campos. Um filme passou pela minha mente. As imagens surgiam como se estivéssemos voltando a trilhar os mesmos caminhos andados em 37 anos de amizade, forjada no amor e nas divergências. Muito carinho de um pelo outro, mas brigas também. Tudo começou no Colégio Atheneu, onde fui dar um curso de história do cinema ao lado de Nilo Jaguar, Djaldino Moreno, Alberto Carvalho e Antônio Jacintho Filho, onde quatro meninos mostraram interesse pelo curso, Déda, Oliveira Júnior, Aragão e Evandro Curvello, quarteto que só andava junto e partilhava dos mesmos interesses culturais. Depois, veio a política, no PT e nos movimentos sociais, a advocacia, no início de sua carreira, à noite, no Baixo Barão, Scooby-Doo, Bar do Vinícius, Gosto Gostoso e tantos outros. De 1990 a 1996, ficamos de mal, embora em 1994 ele recebesse o meu voto, da minha família e amigos na sua candidatura vitoriosa a Deputado Federal. Não nos falávamos. Mas eu sempre falava dele, e ele de mim para amigos comuns.

A noite chegava e minha angústia aumentava cada vez mais. Não, eu tenho que ir ao Palácio Olímpio Campos. Eu tenho que vê-lo pela última vez. Olho seu rosto, dou-lhe um beijo e volto para casa. Uma multidão na praça. Consigo entrar pelos fundos e subo, cambaleante, a escadaria até a sala onde o seu corpo estava estendido. Ao vê-lo, a emoção tomou conta de mim. Choro bastante. Recomponho-me e passo a imaginar o cenário criado pelo poema de Walt Whitman, O Captain! My Captain. Subverto o texto e passo a me exprimir em voz baixa: – Sobre o deque meu capitão jaz, frio e morto tombado, enquanto lá fora as bandeiras do PT tremulam. Pedi-lhe: – Ergue-te, Ó capitão! Meu capitão! A nossa viagem ainda não está finda, Ó capitão! Meu capitão! Ergue-te e ouve os sinos; ergue-te – o clarim garganteia, por ti buquês e grinaldas engalanadas – por ti eles chamam, a massa oscilante volta-lhe suas faces ansiosas; eis capitão! Querido amigo! Este braço sob sua cabeça colocado! – Meu capitão não responde, seus lábios estão pálidos e silentes. Meu querido amigo não sente meu braço, não tem pulso, a vontade ausente.

Lembrei-me do seu aniversário de 50 anos. Fiz um artigo com o mesmo título do poema de Walt Whitman. Ali, eu perquiria que fatores identificariam os homens, a ponto de uni-los mediante laços de afeto? O que levaria alguém a não medir sacrifícios por um amigo e, até mesmo, a definir outrem como tal? Por que nós nos ajuntamos em bandos, grupos, partidos ou tribos, projetando marcas que nos distinguem de outros, em face dos quais não encontraríamos afinidade? Após filtrar, com rigor, ideias que deixei fluir com naturalidade, creio ter chegado a uma razoável conclusão. Segundo elas, três seriam os ingredientes que imantariam os indivíduos, irmanando-os e fazendo deles emergir uma mesma frequência, na forma de acordo com a qual captariam a sonoridade do mundo, ou no modo de enxergar as aflições que nosso coração faz ecoar pelas curvas da vida. Penso que etnia, idioma e similitude de propósitos são os pilares que nos põem no mesmo bloco.

Por isso, emocionei-me com a homenagem que se prestava ao nosso Déda, que estava completando meio século naquele ano de 2010. Que beleza! Nessa fase da vida, o alemão Bach já havia formatado a Arte da fuga e escrito seus mais importantes trabalhos, a exemplo de O cravo bem temperado e da Paixão segundo São Mateus. Quando Bach tinha cinquenta anos, adveio-lhe o filho caçula, que acabou por seguir carreira idêntica à do pai. Naquele dia de festa, 11 de março, nasceu Astor Piazzolla, que, aos cinquenta anos, já produzira seus mais reluzentes tangos (as obras-primas Adiós Nonino e Libertango). Pois é, com apenas cinquenta anos, Déda, artífice da palavra, estilista no trato com a administração pública e regente singular do Estado, já tinha sido, na política, quase tudo que se possa conseguir galgar.

No executivo, só não ocupou a presidência da república, mas foi prefeito da capital de seu Estado (Aracaju), por duas vezes (eleito pela primeira vez aos quarenta anos), e governador de Sergipe, também duas vezes (sempre vencendo no primeiro turno). Já no legislativo, apenas não ocupou uma cadeira de vereador e outra de senador. Mas foi, com menos de trinta anos (em 1986), o deputado estadual mais votado do pleito. Com menos de trinta e cinco anos (1994), elegeu-se deputado federal, com a maior votação do Estado, reelegendo-se em 1998. Para mim, todavia, dois anos, em especial, são marcantes: 1977 e 2000. Em 77, vi, pela primeira vez, o imberbe Déda num curso de cinema no Atheneu, como dito acima. Na época, eu era presidente do Clube de Cinema de Sergipe. Juntamente com barbudos e velhos comunistas, exibi, malgrado percalços e riscos, o “Encouraçado Potemkin”, de Serguey Eisenstein. Com efeito, os riscos advinham do fato de a obra de Eisenstein expor a ditadura do czar. E nós vivíamos uma ditadura. No ano anterior (1976), por exemplo, desencadeara-se a “Operação Cajueiro”, na qual ilustres sergipanos foram presos pelo regime de exceção. Mas o jovem e denodado Déda estava lá, como que, encouraçadamente, peitando a ditadura. Os anos se passaram. Cheguemos, então (e sem rodeios), a 2000. Estava eu (com um pouco mais de cinquenta anos), na sacada do meu escritório, na Rua Laranjeiras, edifício Aliança, nas adjacências da agência central da ECT, observando a passeata da virada de Déda. Era a eleição para a prefeitura de Aracaju. Ele começara atrás nas pesquisas, mas, crescendo a cada dia, tomou a dianteira e disparou (venceria com quase 53% dos votos válidos). De cima do trio-elétrico em que conclamava a multidão, Déda viu-me e, olhando-me nos olhos, gritou, para todos ouvirem: “Clóvis Barbosa, seu lugar é aqui. Do nosso lado. Saia daí. Eu conheço sua história”. Ri com o gesto, acenei e agradeci. Depois, entrei e chorei. Nada demais. Jesus também chorou.

Dois ou três anos depois, lá estava eu, procurador-geral do prefeito Marcelo Déda, aquele mesmo menino de dezessete anos. Agora, timoneiro de um novo encouraçado. De lá para cá, sempre estivemos juntos. Sim, e o porquê dessa amizade? Respondo. Sou de Estância. Mas meu pai era de Simão Dias, terra de Déda. Além disso, por ter sido do partidão (PCB), do antigo MDB e do PT (nos primórdios), minha linguagem política, assim como a de Déda, está ligada ao trabalhismo (este é o idioma que falamos, o idioma dos trabalhadores, o idioma da esquerda, marcadamente da latino-americana). Nosso propósito ideológico, ademais, é o mesmo: construir uma sociedade mais justa, onde a força do trabalho supere a exploração do sangue e do suor do operário. Vejam, pois, que eu e Déda compartilhávamos da etnia, do idioma e dos propósitos. Daí, meu orgulho por ter, de alguma forma, inspirado o jovem que se tornou meu ídolo.

Déda via o mundo pelos olhos do povo. Era um agente de transformação social. Ele tinha o arquétipo do político ideal: aquele que detém a magia de transformar derrotas em vitórias e vitórias em conquistas ainda mais memoráveis. Diferentemente do político estúpido, cuja débil ossatura só é capaz de projetar a engenharia do caos. Quando vencedor, transforma a vitória em derrota; quando derrotado, transforma a perda em sepultamento. O estúpido, na política, não morre inúmeras vezes. Morre apenas uma. A morte política, entretanto, depende mais da perspectiva do derrotado, do que do tratamento que lhe é conferido pelo vencedor. Daí, a necessidade de encarar cada batalha apenas como uma fase do longo processo que é a biografia política. Veja-se, por exemplo, a biografia política do jovem Marcelo Déda. Perdeu algumas batalhas? Sim. Mas por que transpira um ar como que de invencibilidade? Porque digeriu as derrotas, capitalizando-as, a fim de, mais tarde, lucrar com elas.

Mas, e o vazio que a ausência de Déda vai deixar em todos nós? Dizem que saudade é a sétima palavra de mais difícil tradução e, também, de difícil conceituação. O que é saudade? Neruda dizia que saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida. O nosso menino Déda foi embora precocemente sob os aplausos do povo e o adeus dos seus amigos e familiares. Mas ele vai voltar. Agora, com as suas cinzas renascendo no Parque da Sementeira em forma de árvore.

* Escrito em 8 de dezembro de 2013, 11 dias após a morte de Marcelo Déda.

* É advogado.

Texto reproduzido do site: destaquenoticias com br

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Beto Pezão - Trabalho inscrito no Livro de Registro do Patrimônio Imaterial

Legenda da foto: Saberes e fazeres do artesão Beto Pezão: bens intangíveis ou imateriais

Artigo publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, de 30 de novembro de 2023 

Beto Pezão tem seu trabalho inscrito no Livro de Registro do Patrimônio Imaterial

Por Antônio da Cruz *

Na próxima semana o senhor José Roberto Freitas aniversariará. Melhor dizendo: Beto Pezão comemorará o seu natalício. A ele, pois, feliz aniversário.

Foi o então povoado Carrapicho o berço deste artesão, que nasceu em 11 de dezembro de 1952. Seus trabalhos se espalharam pelo mundo, são muito bem característicos e identificados pela representação de figuras humanas com pés bem desproporcionalmente maiores. 

Localizada à margem direita do baixo São Francisco, norte de Sergipe, Santana do São Francisco é um polo de produção ceramista. Ali, o associativismo se evidenciou e desenvolveu a produção artesanal. A intensa atividade ceramista fez a cidade receber popular e simbolicamente o título de “A capital sergipana do artesanato”.

Foi nesse ambiente, conhecendo todas as etapas do processo de produção, que Beto Pezão cresceu e aprendeu com pais e avós as práticas na lide do barro. Ele chegou em Aracaju no ano de 1972, onde se estabeleceu e veio a se filiar à Associação dos Artesãos do Centro de Arte e Cultura J. Inácio - Sergipe Feito A Mão”.

Sobre a sua participação na entidade, Jean Santos Coutinho, vice-presidente, e Lícia Rocha Batista, presidente desta associação, numa carta de referência profissional, as palavras foram: “É gratificante constatar no quadro de sócios uma pessoa que faz diferença, sua honestidade admirável, pessoa segura do que quer e incrivelmente dedicado a fazer o melhor. Seu conhecimento e experiência como ceramista, agregada a suas habilidades chegaram a alcançar uma inteligência emocional evoluída”.

Em 2021 Beto Pezão requereu ao Conselho Estadual de Cultura o Registro no livro de Patrimônio Imaterial. Para quem se interessar pelo assunto, conforme a Lei Nº 28.977, de 24/08/2022, que trata do Patrimônio Imaterial em Sergipe, no seu artigo 3º, afirma que “As propostas de registro de bens culturais de natureza imaterial, acompanhadas de sua documentação técnica, devem ser dirigidas ao Conselho Estadual de Cultura – CEC, sendo partes legítimas para provocar a instauração do respectivo processo autoridades dos Poderes e Órgãos Constituídos da União, do Estado e dos Municípios, Membros do Conselho Estadual de Cultura, sociedades ou associações civis, ou qualquer cidadão”.

Ali, um conselheiro é designado para emitir o parecer, após avaliar a solicitação do requerente, para serem registrados seus saberes, modos de fazer, ou técnica desenvolvida e tipificação ou estilo dos seus objetos cerâmicos, associando ao seu nome artístico. São levados em conta “importantes referências identitárias, conforme a Lei de Patrimônio Imaterial, no seu Artigo 2º, Alínea III, afirmando que, no Livro de Registro de Formas de Expressão devem ser inscritas manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas, audiovisuais e lúdicas. 

Os tipos humanos concebidos por Beto Pezão, marcadamente, representam o sertanejo despojado da soberba do latifundiário e da riqueza material burguesa. Neles estão a força, a simplicidade e a resiliência. É vasto e diversificado o universo imaginário de Beto Pezão extraído do mundo real. Os aspectos sociais estão impregnados nas figuras. Sob o ponto de vista estilístico, o realismo social na obra de Beto Pezão só não se dá por inteiro porque suas formas humanas possuem características próprias. 

As expressões faciais marcadas pelas agruras, que poderiam decorrer da seca e da ausência de boas perspectivas na vida no ciclo de fartura que vai do período das chuvas de março a julho no litoral, ao de escassez delas por longo período que bem caracteriza o sertão, principalmente no Nordeste brasileiro. Até os santos europeus ganham feições marcadamente nordestinas. O sertão exige do seu habitante a capacidade de resistir e se recobrar do tempo ruim nos raros momentos de bonança.

O artista tem como persona, que sintetiza os tipos da sua galeria, Zé Pitoca, que em geral é representado por um jovem e reúne todo o simbolismo contido nas suas figuras humanas. Zé Pitoca dentre as suas representações ora é pançudo com proporções físicas que sugerem estatura pequena; ora criança sertaneja com chapéu e segurando com uma das mãos um saco onde estariam seus pertences ou completamente de mãos vazias e nu.

Da similaridade de muitas expressões, fica a pista de que, do biótipo do Zé Pitoca se derivam todas as personagens. Evidentemente o Zé Pitoca é um típico Pezão.

Desfilam na sua galeria o cangaceiro e seu arsenal, cuja variedade dentro do espectro  humano regional é percebida nas faces dos componentes dos bandos; o retirante que foge da seca com um saco às costas, que substitui a maleta e o “cadeado é um nó”; o roceiro e seus instrumentos de trabalho; a mulher que vai ao campo e vem com feixe de lenha e que também pode ser um patuá, sinônimo de cesto de cipó, na cabeça rumo à feira; a oleira e seus artefatos de barro; a mãe e seu filho numa alegoria maternal sacralizada; o caçador; o pescador; o beato a pregar sermões e conduzir seu rebanho; a freira na sua peleja com a caridade; a devota segurando o retrato do seu santo milagreiro; e, claro, a família, “célula mater da sociedade”.

O que resulta do trabalho de Beto Pezão é a certeza de que, no conjunto, elementos da cultura sergipana estão nele representados. A religiosidade, a tipificação dos componentes, sejam objetos e pessoas isolados, os conjuntos de elementos, os cenários e as situações sugeridas pelas figuras humanas e seus acessórios, que levam o observador a se convencer de que está diante do trabalho de um artista com raízes profundas no seu universo e nos seus fazeres artísticos.

Sob o ponto de vista do seu modo de fazer e do domínio completo das técnicas do trabalho com barro ele detém o conhecimento ancestral, tendo sido seu pai, João Freitas, um ceramista bastante popular que o iniciou, quando bem criança, com cerca de seis anos de idade.  Beto também fez adequações desenvolvendo recursos próprios dentro do método tradicional de trabalhar o barro. Do volume de conhecimento e do senso prático brotou da mente e das mãos de Beto a figura do “Pezão”.

“O Pezão” é uma obra icônica. Ninguém a dissocia do seu autor. Ainda que outro artesão o siga, uma cópia “genérica” é identificada pelo olhar de quem o admira e conhece sua obra. Não apenas o seu estilo é inconfundível, mas a qualidade do seu trabalho é irrepreensível. Ter um Pezão pode significar para os colecionadores a qualificação das suas coleções.

O “Pezão” surgiu da necessidade de vencer, mecanicamente, a inclinação natural, por força da lei da gravidade, das figuras enquanto o barro não secava. Para o artesão, deixá-las de pé nas proporções normais pretendidas se tornara um incômodo. O insight ou ideia súbita do artista fora prodigiosa, pois a estruturação do objeto seguiu a lógica de engenharia, fácil de compreender, pois massa expandida e adensada na base aumenta a resistência de uma estrutura, tal e qual o alicerce de uma casa.

Os saberes e fazeres do artesão Beto Pezão se enquadram como bens intangíveis ou imateriais, e se constituem “per si” marca, ou seja, seu nome, perceptivelmente icônico, associa-se a um conjunto de elementos identitários. Seus saberes e fazeres, enfaticamente, garantem, sob o ponto de vista da legislação, o Registro no Livro das Formas de Expressão e recebeu dos conselheiros todos os votos favoráveis.

* O articulista  Antônio da Cruz, é artista plástico e ativista sociocultural. 

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica com br

terça-feira, 28 de novembro de 2023

150 anos do escritor Laudelino Freire

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 28 de novembro de 2023

Assembleia faz sessão pelos 150 anos do escritor Laudelino Freire

Laudelino Freire é autor de vasta obra, formada por 19 títulos

A Assembleia Legislativa de Sergipe realiza, às 16 horas desta terça-feira (28), uma sessão especial em homenagem aos 150 anos de nascimento do advogado, filólogo e político sergipano Laudelino Freire. O presidente do Poder Legislativo, deputado Jeferson Andrade (PSD) é o autor da propositura. O homenageado morreu em 18 de junho de 1937, no Rio de Janeiro, quando tinha 64 anos.

Segundo Andrade, Sergipe é berço de nomes que se destacam nas ciências, nas artes e na cultura, como Tobias Barreto, Sílvio Romero e Jordão de Oliveira. “Laudelino Freire faz parte desse time que projeta o nosso Estado no Brasil e no mundo”, destacou Jeferson Andrade, justificando motivação da homenagem

Laudelino de Oliveira Freire nasceu em 26 de janeiro de 1873, em Lagarto, centro-sul de Sergipe. Formou-se em Direito em 1902 e cumpriu três mandatos de deputado na Assembleia Legislativa de Sergipe. Ele advogou, foi professor, jornalista e crítico de arte. Ele consolidou sua carreira de escritor e filólogo no Rio de Janeiro, onde foi professor do Colégio Militar.

Laudelino foi diretor da Gazeta de Notícias e escreveu para o Jornal do Brasil, Jornal do Comércio e O País. Fundou a Revista da Língua Portuguesa e a Estante Clássica, que até hoje servem como subsídios para quem pretende estudar a língua portuguesa.

A obra

Considerado um dos maiores investigadores dos estudos clássicos e filológicos do Brasil, Laudelino Freire é autor de vasta obra, formada por 19 títulos, publicados entre 1897 e 1937. É dele o Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa, uma publicação póstuma em cinco volumes, com a colaboração de J. L. de Campos, Vasco Lima e Antônio Soares Franco Júnior.

Laudelino Freire foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em novembro de 1923 e empossado na cadeira 10 em março de 1924. Ele sucedeu na ABL o baiano Rui Barbosa e foi sucedido pelo paraense Osvaldo Orico.

Fonte: Alese (Ilustração: Wikipedia)

Texto e imagem reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Erivaldo de Carira, direto do Pátio da Fazenda, é um nome forte...

Legenda da foto: Erivaldo de Carira: um nome marcado por perseverança e talento

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 24 de novembro de 2023

Erivaldo de Carira, direto do Pátio da Fazenda, é um nome forte a partir de Sergipe

Por Mário Sérgio*

A perseverança é um dom que devemos desenvolver em nossa carreira, naquilo que pretendemos fazer de melhor. E a perseverança é arte daquele adolescente da cidade de Carira que aprendeu com o pai os truques e as manhas de como manusear um instrumento difícil, complexo, porém, de uma sonoridade ímpar - a sanfona.

Quando ingressei no rádio, no final dos anos 1990, tinha um sonho de apresentar um programa musical que pudesse mostrar o lado profissional do artista. O propósito sempre foi o de mostrar esse perfil - do artista - e nunca misturar o lado pessoal dele, porque somente a ele interessa.

A primeira vez que encontrei Erivaldo de Carira, ele já era um artista pronto. Já tinha recebido o cetro de Josa, O Vaqueiro do Sertão, para comandar e dar rumos ao forró sergipano. O fez e continua a fazê-lo com maestria nos seus longos anos de reinado.

A perseverança foi o dom que Erivaldo desenvolveu como poucos. E com muita humildade. Meu sogro, seu Ferreira, a quem dou o título de “o sogro que eu mais gosto” e ele na sapiência dos seus mais de 80 anos confirma e dá o tom, com um “Claro, você só tem um, e esse um sou eu, o que você mais gosta”, é pessoa que sabe bem o que é perseverança.

No final dos anos de 1970, a Empresa Bomfim começa a desbravar e expandir suas linhas de ônibus para o Estado da Bahia e tem em seu Ferreira o primeiro motorista a correr o trecho Aracaju-Paulo Afonso, Paulo Afonso-Aracaju. Nessa linha, seu Ferreira permaneceu por mais de 16 anos. Fizesse chuva ou sol.

Junto à linha Aracaju-Paulo Afonso, a Bomfim também inaugurava outra linha para o Estado da Bahia, Aracaju-Jeremoabo, e lá estava ele, Erivaldo de Carira, para desbravar esse trecho.

Mas o tema aqui é a perseverança. A profissão de motorista de ônibus não estava para ser exercida por esse cantor e compositor, que já tinha estabelecido o que gostaria de ser: artista. De preferência, seguir seus ídolos na música, Gonzaga e Josa.

Mas a Bomfim ganhou um exemplar motorista, que seguiu como piloto e criou uma família da qual me orgulho muito em pertencer, porém a música ganhou um artista que brilha e dá seu exemplo a todos que hoje o seguem. Aliás, como vejo muitos o chamarem, de Seu Erivaldo.

Seu Ferreira e Seu Erivaldo, em algum momento da vida, foram companheiros de trabalho, e se tornaram mais companheiros ainda quando Erivaldo segue a sua estrada e dá a seu Ferreira o que há de melhor no entretenimento, a sua qualidade musical.

Com a música, Erivaldo comandou por mais de 15 anos um programa radiofônico de bastante sucesso - No Pátio da Fazenda - e que tinha o carinho dos ouvintes, pela qualidade dos artistas que ali eram apresentados.

A perseverança de Erivaldo nos remete à concretização de nossos sonhos. Aquele adolescente que aprendeu com o pai a lidar com a sanfona, mostra o quanto podemos atingir os nossos anseios, vencer as nossas lutas diárias por aquilo que acreditamos, de sermos exemplos, como nossos pais.

No caso de Erivaldo, o exemplo não ocorre somente dentro de casa. Perpassa, atravessa muros, chega ao público, à família, e preenche em nessas família o vazio que estava faltando.

O exemplo para seus filhos, torna-o um herói. Herói a quem queremos seguir, pelo exemplo de retidão, de profissionalismo, de perseverança. O exemplo de seu Januário, que dá régua e compasso para seu filho Gonzaga desbravar o mundo e, consequentemente, passar para seu filho Gonzaguinha e em contrapartida para seus filhos, Daniel Gonzaga, Amora, Fernanda. São exemplos que foram seguidos e tem a mesma trajetória de seu Manezinho do Carira.

A rica história de Erivaldo na música sergipana ecoa pelo Brasil. Discípulo direto de Gonzaga e de Dominguinhos, Erivaldo se mostra um ídolo do forró em todo o Brasil e figura preponderante para os mais novos que seguem o forró, a exemplo de Ararão, Laércio de Souza, Lucas Campelo, Sérgio Lucas, bem como de nomes nacionais como Flávio José, Alcymar Monteiro, Santana, O Cantador e tantos e tantos outros.

A história se repete com o mesmo brilho da família Gonzaga. De seu Manezinho do Carira, para seu filho Erivaldo que passa para seus filhos Erivaldinho, Mestrinho e Thais Nogueira. Com brilho e bastante sucesso. Tudo isso, “desde 1912”. Com bastante perseverança!

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* O articulista Mário Sérgio Félix, é radialista, jornalista e pesquisador da MPB. 

Texto e imagem reproduzidos do site: www jlpolitica com br/articulista