quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

De ‘Cor Nua’, Joubert Moraes em festa

Artes plásticas, música e audiovisual celebram 
os 70 anos de Joubert Moraes.
Foto: Tanit Bezerra

Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 20/12/2017 

De ‘Cor Nua’, Joubert Moraes em festa

Numa celebração à vida e obra, o artista de múltiplas artes lança álbum duplo.

Por: Gilmara Costa/Equipe JC

Sem tempo a perder, em tempo de celebrar e no tempo do artista de sensibilidade múltipla, que se fez/faz energia radiante em tela e esculturas, é chegada a hora de irradiar composições restritas a um universo de notívagos na capital sergipana, com ecos pelo país reverberados por amigos persistentes em registrar cada letra ao tom de Joubert Moraes. ‘Cor Nua’ é o primeiro disco dele, que será lançado hoje, 20, às 19h, no Museu da Gente Sergipana, onde também acontece a exposição ‘Joubert 70’ e a exibição do documentário ‘Aracajoubert’, dirigido por Jade Moraes.

A noite será de celebração dos 70 anos de vida e cinco décadas de música, estes consagrados num álbum duplo, com 23 faixas, algumas com gravações de um passado que hoje se faz presente; outras, com releituras presentes assinadas por uma turma que convive, admira e é influenciada pela arte de Joubert. Será o (re) começo de um artista que ‘é o que viveu’ e o que ainda tem por viver.

“São 50 anos de música, de tocar de conhecer muitos artistas. E ‘Cor Nua’ é a letra que escrevi com Maria Cida, que conheci quando estava expondo em São Paulo. E que agora é disco, sem pressa, embora eu tenha tido muitas oportunidades de gravar, ficava sempre adiando. E escondendo as letras, pois não gostava de dar. E agora, nessa celebração, com encontros e reencontros, estou feliz ao redescobrir minhas harmonias, o carinho. A turma fez uma releitura tão bonita que quando vi tocando, os olhos ficaram cheio de lágrimas. É um recomeço, e que vai continuar, estou mais na relação de cantar e o que não se pode perder é tempo”, afirmou Joubert Moraes.

Numa espécie de escultura trabalhada a mais de uma dezena de pares de mãos e feito tela com cores coletivamente pinceladas, o disco duplo foi produzido pelo jovem artista Dudu Prudente, que juntamente com Pedrinho Mendonça comandam marcam a presença no álbum com a percussão. “Joubert é pura emoção e um cara que sempre se fez presente na minha vida, e me espelhei no universo dele. Tivemos uma aproximação há mais de dez anos com o universo musical dele, até então pouco conhecidas, com parcerias incríveis com Mário Jorge, poeta antológico, Bene Fonteles, Alcides Melo e tantos outros. Então, fui sendo tocado pelas composições que nunca haviam sido gravadas, ninguém conhecia aquilo ali, além do universo dele, ali restrito de amigos, as pessoas não conheciam, eram inéditas. E há seis começamos a gravar esse disco”, revelou Dudu Prudente.

Na sede de uma verdadeira desnude do cantor e compositor Joubert, o disco inicialmente projetado para apenas um volume se tornou duplo, com a expressividade sonora de Joubert em voz e violão. “Chegou um momento em que sentimos a necessidade e de colocar muito mais coisa, o disco com banda tem nove músicas, mas tinha mais pérolas que não iam para o disco e que tinha registro há mais de 20 anos, da época que ele ainda tocava violão. E foi assim, que eu e Júlio Rêgo, tivemos a ideia de remixar e remasterizar, fazendo o disco duplo”, explicou.

Dos artistas

Responsável pelos arranjos, o violinista Rodrygo Besteti não esconde a admiração pela sensibilidade sonora de Joubert, tão pulsante quanto a arte expressa através do trabalho com as mãos. “Joubert é uma das escolas da noite aracajuana, é uma figura que dispensa comentários, um cara excepcional das artes plásticas e musical. E a partir do contato com as composições e a pesquisa, gravando e observando ele cantar, fui fazendo os arranjos. Toda música tem uma história, uma poesia por trás e essa ideia musical ele nos deixou bem à vontade. É como se pegasse uma mulher bonita e a deixasse ainda mais linda. Trabalho com esse embelezamento de uma coisa mais existente”, ressaltou.

Para Júlio Rêgo, que já compartilhou de momentos musicais com Joubert Moraes, o lançamento do álbum é uma obra final de uma história ‘cantada’ há anos, à penumbra da manifestação artística de Joubert em telas e esculturas. “É um arremate dos encontros e obra desse artista que é referencial para mim e tantos outros. Ele sempre esteve à frente nas ideias, no que ele fazia. Esse disco foi a oportunidade que tivemos de começar uma história nova de algo que já existia, de clássicos que ouvíamos. E muito da sensibilidade de artista plástico está na interpretação dele, pois, prestando atenção é como se ele estivesse pintando. E se olhar bem como é pintura mesmo, tem uns acordes em que a impressão que dá é de sol maior, mas tem a nuance como uma pintura que você vê a cor de Joubert no quadro, e que não é vermelho e nem rosa, é um pôr do sol. As cores dele são bem assim, ele é muito sutil. Nos quadros de Joubert, ele trabalha muito com a luz. Se você pega um quadro dele, dependendo da luz, muda completamente porque tem muita nuance e a maneira dele interpretar é assim. Existe mil maneiras de fazer arranjos, e esse disco é apenas uma das maneiras”, disse Júlio Rêgo.

Também presente no disco e com o privilégio de ter gravado anteriormente com Joubert Moraes, Tatiana Cobbett, destaca a importância do legado de um artista que tem múltiplas facetas artísticas. “Esse trabalho tem ao mesmo tempo o resgaste, que mexe com essa memória musical da cidade, da qual Joubert é um ícone, pois essa musicalidade dele não é de hoje. Embora o artista plástico fosse bem mais exposto do que o músico, ao seu redor, os jovens artistas sempre reconheceram em Joubert esse potencial. E agora ver outra turma, a terceira geração, retomar essa obra, com uma releitura contemporânea, é maravilhoso. E foi um trabalho feito respeitando o tempo do artista, que se renova e contempla, deixando um legado sonoro para a posteridade”, afirmou.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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